sexta-feira, 31 de julho de 2015

Devaneios XXXXvIIII

Ninguém se sensibiliza (a maioria sequer tem conhecimento disso) com o fato de que no mundo morrem milhares de pessoas diariamente por diversas causa das quais, com boa intenção e seriedade seriam facilmente resolvidas, todavia se prostram como senhores da boa moral e da benignidade ao bradar que são contra a violência e que são incapazes de a cometê-la, na mesma medida em que sua própria forma de viver é a própria causa de toda a miséria.

Isso, todavia, lhes passa despercebido, como que numa ironia remota..

Devaneios XXXXVIII

O único e verdadeiro espetáculo da sociedade é o da Morte, e posterirmente, engendrados pelos mecanismos sociais, cada um se prostra de "um lado" específico. 

Em ambas as instâncias, é como se vivêssemos "in gladio" eterno, sempre dispostos a dar nossas vidas pela mecanismos sociais que engendram a miseria e a morte, sem nunca ver o que há por detrás da cortina. 

Enquanto os países se afundam em guerras intermináveis, cada um ao seu modo, vivendo a dicotomia do bem e do mal, sem enxergar os mecanismos que criam essa mesma noção.

Aqueles que ditam as regras estão em seus tronos observando a mortandade desenfreada e o nascimento de uma tragédia ainda maior, aonde o mundo todo se tornará num grande campo de batalha, com heróis de todos os tipos dispostos a dar as suas vidas para manter o status quo: da desilgualdade, da injustiça, da entrega irrefletida de si para no mínimo sanar uma necessidade interna - mesmo que condicionada - de fazer aquilo que é certo, e o que é necessário.

A máxima que vigora é a de que, indubitavelmente devemos cavar a nossa trincheira, todavia devemos antes escolher os nossos inimigos - nem que sejam espantalhos de nós mesmos, seguindo a nossa própria sombra.

Devaneios XXXXVII - Da filosofia Sã

A Filisofia Sã não é aquela demasiado sóbria, pitoresca e cheia de pompa, ela é em realidade aquela embriagada e entorpecida pelos sentidos, pela ontologia saudável de seres simples e desapegados de adornos supérfluos.

Devaneios XXXXVI

Certas formas de pensamento não necessitam ser confrontadas no sentido de demonstrar as suas contradições, visto que as mesmas não o são por questão de argumentos e sim de caráter ou índole do indivíduo. 

Em certas ocasiões basta posicionar-se de um lado e estar disposto ao confronto - que é o máximo que as circunstâncias levarão. O mesmo ocorre na guerra.

As dicotomias engendradas pela nossa sociedade em suma são projetadas para simular o confronto e raramente a conciliação de fatos, visto que estes são secundários na maior parte das vezes, e tudo repousa no campo da escolha do indivíduo enquanto existência fatídica, e não como indivíduo pensante.

Devaneios XXXXV

As políticas de manutenção da miséria da Ordo Seclorum não são nenhum mistério ou questão de uma agenda oculta, como se quer vulgarmente dizer. 

O alto comando impõem, em forma de políticas internacionais, consagrada por instituições seculares, cujas obtém poder através do caos social impetrado por eles próprios, políticas que geram a dualidade e a instabilidade, em todos os âmbitos da vida humana e social.

A pobreza e a manutenção da miséria é o modus operandi dessa sociedade, e ela tem em si mesma um objetivo escuso, que é o de perpetrar uma sociedade governada pelos arautos da Autoridade de todas as instâncias, que estará para aquém de qualquer instrumentalização ou noção de reciprocidade dos indivíduos que a compõem. Nesse momento não serão mais os mecanismos sociais que darão a sensação de controle, de autonomia, mas em contrapartida será a submissão completa e a abdicação de todo e qualquer ferramenta - ou mesmo de necessidade - de interagir com a própria realidade.

Quanto mais nos engendramos nos conflitos sociais, gerados pela própria forma como, verticalmente as políticas se impõem e a sociedade se organiza, que são de natureza contraditória, mais nossas energias vitais estarão voltadas para contendas e conflitos, que em si mesmos apenas retroalimentam esse ciclo, uma vez que são desdobramento deles.

Devaneios XXXXIIII

A nossa sociedade foi feita para simular o conflito, não para estimular o debate.

Em última instância, a maioria passa a vida sem perceber se as suas ações engendram poroblemáticas - por essa razão a falsa ilusão do debate, pois ele dá a aparência de respaldo, quando o fato é que o indivíduo pode falar uma cousa e estar, através de suas ações fazendo completamente outra.

Devaneios XXXXIII

Enquanto o ser humano vive sua vida medíocre, com suas problemáticas medíocres e supérfluas, o planeta é destruído sistematicamente de modo que, tanto no presente quanto no futuro não haverá quaisquer perspectiva de vida: as gerações futuras já estão natimortas e zumbificadas.

Que paguem todos pelos seus crimes hediondos, e, nesse caso a Justiça será operada pelo próprio desígnio da natureza, que será bem menos piedosa do que se pensa o mais reles e pedante ser humano, em suas ações ignóbeis e vis.

Devaneios XXXXII

O que a diplomacia e a política não resolvem - normalmente encontram resolução no campo de batalha.

Devaneios XXXXI

Nada é irrevogável por natureza - a não ser a própria Natureza, que é a que define a natureza das cousas.

Devaneios XXXX

As amizades modernas são pragmáticas, coadunam com a fraqueza de espírito que assola a civilização: não se fortalece na compreensão de valores e qualidades, mas se vê fortalecida e regozijada na equiparação de ressentimentos e frustrações.

Devaneios XXVIIII

Ontologia básica: as palavras evocam, em verdade, não um significado estrito e dado pela linguagem, mas sempre um estado de coisas - seja na própria configuração da realidade, ou na do indivíduo que a profere.

Devaneios XXXVIII

Não existe esse negócio de relatividade moral, visto que a Moral é o desdobramento do Ethos de uma época específica, da função organísmica da sociedade, em sendo assim, ela não é nem relativa e nem não-relativa, pois a relatividade é um agente de trato para cousas e não valores.

Devaneios XXXVII

O termo "avanço tecnológico" é uma redundância, visto que a única coisa que se transforma são as ferramentas com que se perscruta a natureza, nesse sentido o que se chama tecnologia já é o próprio reflexo da variação do manuseio dessas ferramentas.

Devaneios XXXVI

Chegará o dia em que todas as forças de opressão do Estado se tornarão desnecessárias, nesse dia tomará o lugar outra força, que será de uma ordem hierárquica superior, e que terá o comando de tudo, e cuja função organísmica será não o de combater fantoches, como guerras artificiais ou violência gerada pela nossa sociedade cujos fundamentos é a injustiça e a usurpação.

Nossa sociedade está engendrada para dar a essas pessoas poder suficiente para se pensarem como um papél indispensável dentro da mesma, todavia o fato é bastante diferente, e os mesmos verão quando sua prepotência vir a se tornar impotência, e quando os seus comandos foram o contrário daqueles que promulgam os seus instintos de combate e de violência: serão fadados ao esquecimentos, e trancafiados nos cantos mais recônditos do desprezo, e talvez entenderão que foram por usados da forma mais vil possível, para manter um status quo de degeneração e vilipêndio mútuo - cairá por terra também os seus instintos mais nobres que se mostrarão em verdade como torpes e degenerescentes.

Nesse dia, igualmente, o ser humano o deixará de ser em função de sua existência natural, e o passará a ser por concessão de forças maiores, cujas impugnarão a sua forma de ser hierárquica e verticalmente, sobre tudo o que vive, tudo o que existe. Os próprios instintos de destruição - que foram alimentados durante milênios, serão os que darão autoridade para os Arautos do Poder, que transformarão este planeta em algo não mais natural, não mais saudável, e não mais digno de se viver.

Quem viver verá o opróbrio e a Miséria que se farão presentes sem precedentes na vida humana.

Que a força dos antepassados esteja conosco.

Devaneios XXXV

Toda noção de "melhoria" engendrada pelo ser humano é tão somente uma transformação de uma propriedade latente e inata de um fenômeno da Natureza, e que, somente se aplica visto haver essa essência consubstancial derivada de uma determinada substância ou agente, no qual se transmuta - e em geral, em detrimento da própria essência pela qual a mesma se transforma.

Degeneração sui generis da percepção e dos sentidos.

Devaneios XXXIIII

A lógica da sociedade moderna é que, se algo tem que ser aceito precisa ser necessariamente por unanimidade - os entremeios deixam de existir - assim como as sutilezas. 

Se eu me rejeitar por exemplo a alimentar um filho meu com um alimento transgênico, me resguardando do fato de que esse alimento é venenoso e o causará diversos males, serei taxado de inconveniente pelo fato de contrariar o que é universalmente aceito, independente das ponderações e razoabilidades.

Pois aqui existe uma malícia em dois sentidos, pois não basta que queiram envenenar a si mesmos num frenesi alimentício que engloba já quase toda humanidade - cousa que honestamente não faço questão nenhuma de evitar, e nem quero ser o arauto da salvação alheia, todavia não se pode nem querer resguardar a si mesmo, sem prejuízo de ser taxado de antiquado - por aqueles que estão constantemente envenenando a si mesmo e que, com os sentidos entorpecidos os julgamentos claramente são afetados pela inconsciência de suas ações.

Sintomas de uma sociedade decadente.

Devaneios XXXIII

Ouso dizer que, dentre as realizações na vida de um homem, as de maior peso e valia não são as que ele outorga para si como conclusas, realizadas, satisfeitas de algum modo, mesmo que, por um momento ele possa se regozijar por determinados valores ou aquisições, estas realizações são sim importantes da somática de sua existência, todavia digo: é naquilo em que ele projeta suas energias criativas e produtivas, naquilo que ele galga ontologicamente para o seu ser - ou seja, o inconcluso, o incompleto, aquilo que está constantemente por fazer-se, eis aonde ele vê se processar o melhor de si.

Sim, pois é nesse movimento de engendramento constante que se perpetra no seu ser, e que perpassa por todas as camadas de sua existência fatídica que ele concilia tudo aquilo que ele é, numa forma sucinta e ressalta a vivacidade do seu ser.

Devaneios XXXII

No excesso demasiados espíritos se tornam nobres, todavia a escassez é míster em revelar a bondade.

Devaneios XXXI

Aqueles de natureza branda podem sim tolerar afrontas e comportamentos capiciosos, visto que em tais circunstâncias não se faz necessário qualquer ímpeto nesse sentido, todavia estes mesmos podem, quando se faz necessário, agir em concomitância com as circunstâncias, e utilizar de força necessária - quando se esgota os meios discursivos - para impugnar ameaças que, todavia visem não somente ao próprio indivíduo, mas aqueles que o cercam e que fazem parte do ínterím pelo qual se dá sentido até a sua própria existência.

Portanto no que tange a estes indivíduos, os espíritos comuns podem confundir a sua complacência com indolência, porém estes mesmos é que não podem cair na estultice de querer, como diz o ditado comum - testar a sua fé.

Gnothi Seauton

Devaneios XXX

Mesmo as forças mais opostas e repulsivas do universo perpassam a si mesmas e umas as outras multiaxialmente através de fenômenos comuns da natureza.

Devaneios XXVIIII

A invencibilidade não consiste em um espectro de proteção inexpugnável, ou alguma carapaça física: ele é o resultado de um estado de espírito inabalável e indómito.

Devaneios XXVIII

Não existe consenso: toda ação desdobra-se sempre de uma escolha unilateral das circunstâncias - que pode, todavia coincidir no seu efeito final.

Devaneios XXVII

O questionamento serve para trazer novas nuances para algo do qual já investigamos e meditamos a respeito - em última instância é somente a observação contemplativa que pode realmente nos proporcionar algum conhecimento de fato da natureza das coisas; a indagação se configura como uma ferramenta secundária nesse interím.

Devaneios XXVI

O Secretismo (e o sincretismo) é a base de todas as doutrinas da modernidade - é a própria herança de nossa Era.

A própria noção de uma escala de ascensão maior, de uma ritualização hierárquica do espiritualismo já está impregnado de ambas as coisas até o âmago.

Devaneios XXV

Toda a retórica moderna de desconstrução de valores é baseada numa premissa inequívoca e sintomática : a de que existe no indivíduo um potencial inesgotável para usufruir do que o mundo lhe pode proporcionar, no entanto sem se preocupar com as mazelas causadas por essa luxúria. 

A modernidade abrange um hedonismo inconsciente que levará a própria civilização à ruína, todavia esse ímpeto se pretenda reconstruir-se a si mesmo com o mesmo mecanismo com que engendra a sua própria destruição: e, essa sim, é a verdadeira anarquia dos instintos e de tudo que pode haver de bom em qualquer tipo de civilização.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Devaneios XXIIII

Sinto em minhas veias o pulsar da existência, cuja vivacidade e vigor refletem-se n'um estado de espírito, cuja natureza é igual a da Espada: afiada e perigosa, e que, quando bem manuseada demonstra-se na retidão do caráter do guerreiro, cuja sabedoria perpassa pelas camadas mais tênues do seu ser.
A saúde é o reflexo deste estado de espírito, que transborda e se faz necessária enquanto um ato de reciprocidade, mas mais pelo seu excesso (e portanto pela necessidade de "iguais") do que pela fraqueza do desejo de ser útil, enquanto necessário - eis a força da extirpe de homem com instintos autonomamente sadios e superiores.

Devaneios XXIII

As pessoas se dizem (ou se pensam) incapazes de cometer atos de violência, tornam-se passivas e, entretanto regozijam-se com a violência cometida pelo estado e suas instituições macabras.
Ninguém quer sujar as mãos, mas ficam todos expectadores da morte, como no coliseu romano, assistindo ao morticínio perpetrado pelos mecanismos sociais, no qual tem-se a ilusão da inocência, a ilusão de que também, através a passividade, não se está diariamente ceifando vidas de inocentes.

Devaneios XXII

Em nossa Era todo anseio por Justiça acaba Invariavelmente no ensejo por Sangue, Morte e Vingança!
Blood demands Blood...

Devaneios XXI

Respeito aquele que Honra o Domínio da Natureza sobre tudo o que vive e que, para tal o mantém enquanto um próprio movimento de preservação de si mesmo.
Quanto ao Reino dos Homens, é soberano o opróbrio e a miséria e por tanto não há nenhum sentimento senão aquele de desprezo e necessidade de extirpação, pois não há nenhum mal que se possa fazer ao próximo que não esteja engendrado pela própria forma de viver dos reles seres humanos e que os mesmos por mais que queiram se supor benignos são em si mesmo a própria encarnação da vilania.
Que venha o seu fim, para que novamente a tranquilidade da existência possa fazer algum sentido nesse planeta escondido nos cantos recônditos de nossa galáxia, que a miséria e o opróbrio se façam em escalas inimagináveis para aqueles de espírito fraco e coração brando suficiente para não observar em si mesmo o mal que consome a tudo e a todos.

Divagações XX

Aquele que se vê na potência e condição de ajudar o próximo - quando é de sua índole - o faz pelo simples prazer de ver tanto aquele que foi ajudado em situação ou condição melhor, tanto quanto serve para o próprio agente da ação como vigor ao seu espírito de nobreza; de fato não existe uma ajuda despretensiosa na mesma medida em que no melhor dos atos pode repousar alguma intenção oculta.
Entretanto a gratidão é, principalmente para aqueles que, de bom grado se fazem úteis e prestativos, cujos quais terão minha eterna benevolência e disposição - para muito aquém de qualquer ação ou benefício causados, isso porque o próprio ato em si mesmo - e aquilo que o impulsiona, carrega em si as qualidades que enobrecem tanto o agente quanto o que está em relação de reciprocidade.
No entanto, na mesma medida, o repúdio é assaz quando se faz presente o sentimento degradante de querer imputar aos outros a culpa, o cinismo de querer carregar feitos que não foram cometidos, ou cobranças sobre ações ulteriores; para estes reservo o meu desprezo e não há ação nenhuma que os mesmos possam realizar - no que tange a mim evidentemente - que possa reaver o respeito comungado, que foi perdido.
A essência das relações humanas é a mutualidade e, porquanto, mesmo os sentimentos torpes devem ser respondidos à altura - sem implicar necessariamente que se deseje o cometer, mas que é uma questão de ser equânime dar, no mínimo, aquilo que se recebe.
Miden Agan

Da Instrumentalização da Realidade

O ser humano contemporâneo possui um indissociável apego aos métodos que lhe garantem o seu status de poder e o utilitarismo do manuseio, tanto da própria natureza quanto dos outros seres humanos. A análise fenomenológica através de uma Ontologia saudável e reflexiva, que entende que os fenômenos da percepção são um desdobramento da própria Episteme do homem, de seu aparato cognitivo transformado em um modus operandi prático para penetrar as camadas da realidade, por assim dizer. Além do próprio Ethos que o condiciona num determinado espaço de tempo, impugnando a praxis desse todo e de tudo o que ele possa abranger.

Todavia a ciência de hoje (cuja semântica já é uma mera representação insuficiente e delimitante) nada mais é que o apego às próprias ferramentas que a constituem, e, em suma - como todo movimento o é - irrefletida de si mesmo não pode realizar qualquer transcendência, pois ela é em si mesma a negação da mesma, pela autoridade do que é sistemático e repetitivo, constituindo-se de uma petição de princípio, em sua própria essência.

Todavia a Sabedoria de todos os tempos, das mentes sãs e fisiologicamente\Filosoficamente vigorosas, sempre souberam que até mesmo os fatos mais profundos da Realidade podem ser vislumbrados pelo próprio movimento simples da Natureza, e que o apego a ferramentas, que são, em suma, apenas um juízo de valor - cuja valoração se encontra na própria potencialização dos próprios sentidos, é apenas o sintoma dessa necessidade, dessa Vontade de necessidade.

Esse mecanicismo é como um vício no espírito humano, que o corrói em suas estruturas mais íntimas e o faz negar aquilo que é auto-evidente para afundar o espírito no ceticismo e no imperscrutável, por buscas infindáveis que beiram as margens do inefável: uma busca ad infinitum que carregará o ser humanos para cantos obscuros, no qual não haverá nada a qual ele possa se apegar.

Divagações XVIIII

Toda a nossa cultura milenar está permeada pela noção de que o ser humano deve buscar "paz de espírito", e todavia, ao perscrutarmos os meandros ontológicos de tais condicionamentos veremos que, em última instância trata-se de uma sutil ferramenta para pacificar e admoestar o ser humano, tornando refém de seus próprios impulsos e resistências.
Eu, em contrapartida aceito de bom grado que é na própria perturbação, na alteração de espírito, no ímpeto da busca, da incessabilidade do espírito engendrado no mais alto grau de insatisfação com a condição de degeneração constante em que se processa no espírito humano - é nesse momento aonde se faz mais necessário uma recusa completa de tais instintos.
E, em última instância, fora do condicionamento meta-semântico-linguístico, não tratar-se-á de uma necessidade de rebeldia, visto que só se rebela aquilo que está dentro do paradigma, que é não somente o fruto, mas o desdobramento fisiológico deste: e, em suma, falo do próprio movimento oposto, vivificado pela necessidade de balancear as circunstâncias, que surge unilateralmente com a própria necessidade da Natureza de manifestar o seu vigor, na Saúde que resta dentre aqueles que ainda vivem nesse planeta.
Aqueles que carregam dentro de si o Chaos criativo da própria natureza do entendimento - não obstante da própria natureza fenomenológica da existência - estão sempre, limitados pelo seu Tempo, condicionados por épocas remotas, e, sempre, doravante, sendo a própria manifestação de todas as forças criativas e de equilíbrio, da mais alta extirpe, em toda a sua ingenuidade, enquanto meros seres mortais!

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Da Sabedoria do Guerreir

Uma das proezas da qual realizou o Governo das Sombras da Novo ordo seclorum no últimos milênios foi o de utilizar-se de um mecanismo natural do ser humano, engendrado por milhões de anos de depuração fisiológica, cujo qual na contemporaneidade dá-se o nome de instinto, mas que todavia opera nos cantos mais recônditos, inacessíveis, imperscrutáveis do espírito: os instintos são como uma espada afiada, com dois gumes penetrantes e que pode operar no sentido de assegurar, impetrar e lograr o êxito, tanto quanto impugna aquele que empunha, na medida em que seu uso é inadequado ou causa o opróbrio.
Em nossa humanidade tardia, condicionada e doutrinada (psico e fisicamente, ou seja, fisiologicamente pois o Logos é um desdobramento, independente de sua natureza inextrincável, do próprio Onto enquanto gerado pela sua natureza fisica e espacial) os possuidores do mundo detém um conhecimento amplo de como operam esses mecanismos, ademais entretanto, daqueles considerados inferiores - visto que aquilo que se supõe domínio deve estar em uma natureza manipulável de modo a não oferecer resistência além daquelas que são geradas pela seu próprio espectro de abrangência - e utilizaram desse próprio continuum do espírito para transformar o selvagem em domesticado, ou o intrépido e imprevisível em repetitivo, vulgar, débil e assaz.
A necessidade da violência, do combate, da ferocidade, do indómito, do vigorosamente impetuoso, é algo tão verdadeiro quanto o próprio respirar, e é a necessidade e desdobramento das forças da própria natureza, aonde a sobrevivência dita a essência do que é delicado e do imponderado, e que, em ambas as instâncias a morte e a necessidade de defender-se são movimentos inescapáveis, até mesmo para aqueles que se encontram em posição privilegiada, pelo exercer do Poder e Domínio.
O instinto de violência nessas condições não opera para nutrir o ser de uma carapaça envolta na necessidade de vida, do desdobramento dela enquanto ato de sobrevivência, mas surge do bojo obscuro da passividade da degeneração fisiológica contínua, da negação da própria violência enquanto a proclama enquanto uma instituição no espírito, vide o monopólio da força da nossa Era.
Mas como em todo movimento da Natureza, o ponto de equilíbrio se encontra nos próprios excessos ou carência, e a sua fúria é implacável e, mesmo com tais condições de degeneração de tudo o que vive: é justamente nesse momento aonde nascerão aqueles dotados do poder de preencher a lacuna existente, e essa natureza de seres serão os Campeões da Natureza, cujo reestabelecerão uma ordem de coisas aonde tanto a falta quanto o excesso serão debelados para os cantos mais recôndito de todas as naturezas doentes e débeis, e lá permanecerá, visto que tudo tem e, portanto, hora ou outra, encontra o seu lugar!
Gnothi Seauton

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Sképsis e Praxis

A Praxis da totalidade do espectro das relações humanas se dá sempre enquanto um processo de primeira instância, mesmo a cognição e o pensamento são sempre ulteriores à ação - e equidistantes do plano da consciência.

Tangenciando o Logos do Inefável

Insólito é constância da incongruência
Engendrando a discrepância crônica
Fatidicamente inexpugnável, que ulula e pulula
Assaz frenético, cibernético e vil
Viril, mordaz e sagaz!
Quanta vivacidade! Quanto desdém há em sua placidez gélida
Dirimindo a impotência do seu espírito
Perpassando as camadas mais tênues do ser
Sem deixar de revelar-se em sua natureza
Através de seus condicionamentos e trejeitos.

Ou não?

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Divagações XVIII

A tolerância não é aquilo que impõe limites - ela é o própria manifestação deste ato - todavia ela é compreendida de modo que, no espírito vulgar, ela toma forma de passividade e fraqueza da vontade.

Porquanto o jargão "tolerância tem limites" resulta na inversão de valores, no qual a moral da debilidade da vontade - e dela resultante - encontra-se intrincada com a própria idiossincrasia do indivíduo.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Divagações XVII

Da psicofisiologia do ser:

A boa digestão consiste em assimilar as propriedades necessárias dos alimentos para dar vigor ao corpo; por conseguinte, se não houver a ponderação, corremos o risco de, mesmo com a sensação de barriga cheia nos afetar em  algum momento todo tipo de debilidade - ou mesmo uma indigestão.

O mesmo se dá no íntimo de nosso espírito.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Divagações XVI

Tudo o que é vivo, por sua natureza, deve refletir em sua vivacidade, vigor e vitalidade - eis a condição da normal manutenção da vida e de seu ciclo; todavia, aquilo que se encontra doente e enfraquecido, deve-se a um estado de degeneração - forçado ou contínuo, e que, sendo o último estágio quando se habitua e se considera como sendo normal tal condição.

sábado, 18 de agosto de 2012

Divagações XV - Da Psicofisiologia do Espírito:

Aquilo que se apresenta a princípio bom, pode depois se revelar como algo pernicioso: o pior veneno mata em doses homeopáticas.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Divagações XIIII

Não se interioriza uma mudança, apenas os seus sutis movimentos: ela é a exteriorização, a ação - a expressão da potência da vontade.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Das ironias (e sátiras) do destino - fala a mim meu outro eu:

Aceito quem eu sou nunca negando as injúrias de qualquer e toda natureza que me são proferidas, como igualmente relevo de bom grado o fato de me ter em vista a partir daquilo que supões de mim preceder, pois, em ambos os casos se me revela duas coisas essenciais para meu relacionamento com o próximo: repudio os primeiros por serem caluniadores, mas, todavia, igualmente os segundos por serem cúmplices e omissos.

Acontece que, em todo o caso, se por ventura os da primeira categoria possam, a depender da ocasião suscitar em mim algum impulso de vaidade e que eu venha de alguma maneira a me impor no sentido de censurar e fazer cessar a situação; ao passo que aos segundos, não cabe qualquer ímpeto ou desgaste de energia psíquica, na medida em que, como sou de tratar a todos de igual para igual, temo que não me pareça todavia haver qualquer relação de igualdade e reciprocidade aqui, sendo por demais generosidade que se ignore e que se finja que não viu e nem se sabe de nada - desejoso de que se está a criar uma verdade mais conveniente.


terça-feira, 10 de julho de 2012

Divagações XIII - Da fisiologia do espírito livre

Primeiro sintoma da sensatez- O continuum da vida e da existência não pode ser mensurado por um instante - por mais profundo que o mesmo possa se assimilar diante nós.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Divagações XII - Da existência e dos Fenômenos - Meditações sobre o Ser

Sou como o próprio cingir da existência, que se perfaz em cada fenômeno da realidade; e que, hora ou outra, quase que por vaidade, se quer fazer percepção.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Da irmandade -

"Pela Honra, pela Lealdade, pela Saúde! Saúde, companheiros!"

Citação - aforismo


Não se pode concentrar no pensar: toda concentração se dá pela fuga do pensamento - eis o meditar constante da consciência; ou seu estado de vigília.

sábado, 30 de junho de 2012

Da mudança de espírito

Certas barreiras acabam por se tornar intransponíveis - são aquelas em que a vontade já não deseja mais perscrutar. Todo espírito aprisionado encontra seu momento de ruptura, que normalmente se opera através da potência da vontade, seguida e acarretada por uma espécie de desencanto; quase como a sensação fisiológica que causa o inebriar de uma nova perspectiva.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A potência da existência - conquanto infinita fenomenológicamente - se perfaz em ato - que será que daí podemos concluir, companheiros? 

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Divagações XI - Aforismo incompleto (poesia, aporia, devaneio)

Sou um Mágico.
Minha existência-fenômeno me permite estar aqui e, ao mesmo tempo, nos cantos mais recônditos do universo.
Em verdade, eu sou o próprio universo.
Minhas emanações são o reflexo do espanto do meu existir.
Estou em cada partícula, na medida em que sou pensamento, matéria, espírito, ou qualquer nome que se dê a mim.
Sou toda a realidade, apesar de não ser ela Toda. Sou manifestação, emanação, fenômeno, aura.
Me divido infinitamente, somente para agradar a percepção daquele que quiser me vislumbrar e conhecer. Todavia permaneço o mesmo, intacto; conquanto eu nem sequer "seja". Dobro-me até tornar-me flexível ao ponto da inflexibilidade.
Sou de todas as formas e cores; estou para todas as formas de perceber - e, todavia, para forma alguma.
Atravesso o pensamento mais rápido que o próprio pensamento.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Divagações X - Da existência e dos fenômenos

Um fenômeno é tudo aquilo que envolve a existência.
Tomo por fenômeno, porém, não só a percepção fenomenológica da existência, mas também a noção de que a própria existência é a decorrência d'um fenômeno que a torna possível. Em verdade pode-se abarcar a própria existência da existência, o que nos levaria a uma noção metafísica da percepção.
De toda forma, é necessário se fazer algumas ressalvas no que diz respeito ao que chamamos de percepção.
Toda ciência tem por base o estudo dos fenômenos, através do escopo d'um percebente. Em outras palavras: é necessário um aparato sensitivo para se poder extrair qualquer julgamento da natureza. Todavia, a própria existência desse aparato sensitivo só se dá pela própria existência de uma realidade que se dá perceptivamente e fenomenologicamente para esse percebente, que existe antes dele e, independente dele; e este sendo uma parte do própro fenômeno da existência, sua percepção - mesmo que apurada infinitamente - sempre o levará a tautologia de sua própria forma de perceber; porquanto seja essa própria condição de existência fenomenológica que permita que haja até mesmo algum tipo de reciprocidade perceptiva.

A mágica da percepção se encontra no entendimento de que, a realidade enquanto fenômeno, é um desdobramento de si mesma, e que tudo que dela advém é por ela engendrada. O próprio imaginar, mesmo por parecer absurdo, é absolutamente real, um desdobramento do real - porém talvez não uma realidade enquanto condição, mas plenamente real enquanto possibilidade.
Nesse sentido toda ciência sensitiva - ou seja, que necessita d'um aparato de percepção - é por natureza tautológica, e em realidade o seu olhar nunca é para "a natureza" (noção dualizada nascida da própria noção de uma Razão enquanto faculdade) mas sim, faz parte dela própria e é nela que encontra suas limitações - que são, em última instância as limitações encontradas nos limites da percepção.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Divagações VIIII

Uma pessoa sensata nunca dirá "eu não temo nada"; porém, convenientemente em algum momento ela dirá: "não tenho nada a temer".

sábado, 30 de outubro de 2010

Divagações VIII - Do bom Filósofo

Um bom filósofo se reconhece por sua estirpe: está no modo de falar, pensar e no expressar - em todos os sentidos, tanto corporalmente quanto dialeticamente; todavia ambos se entrelacem - que desemboca na sutileza com que trata aquilo que diz.
Sua percepção, ao contrário dos intelectuais livrescos, é naturalmente apurada no sentido de ver questões filosóficas aonde elas estão - ou seja: em todo e qualquer lugar, e em lugar nenhum.
Torna-se, portanto, desnecessário - e até em certa medida é sinal de "má postura" - o tratamento de questões sempre pelo viés dicotômico, que vê filosofias aonde há Filosofia.
Tal sintoma não é ao acaso: trata-se de um resquício remoto de um iluminismo, que engendra-se na própria linguagem; e eis porque o bom filósofo, mesmo que limitado pela linguagem, apodera-se da poética - que ao meu ver é o que de melhor a linguagem pode nos oferecer, e também o seu lado mais belo - para deliberar sobre assuntos que, todavia é um todo holístico e considerável enquanto fenômeno.
No entanto, muitas vezes o bom filósofo deve permanecer em silêncio, - que em verdade é o que mais tem a "dizer" e também um reflexo de sua generosidade - mesmo que seu silêncio só seja de fato compreendido por ele mesmo e por pessoas de percepção igualmente apurada.
Em síntese, tal frase encerra um bom alvitre: não se pode aprender "filosofias", só se pode aprender a Filosofar.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Oração à Natureza

Que os seres que habitam este planeta continuem a viver.
Que o ar seja puro, e que os rios tornem-se novamente límpidos.
Que o mar seja azul assim como o azul do céu.
Que as núvens carreguem dentro de si a vida, e que elas a levem
Até os mais longínquos e inóspitos cantos do planeta.
Que a terra seja fértil e que todos que por ela caminham
Possam desfrutar livremente de tudo o que ela oferece.
Que as árvores permaneçam dando frutos e que seja assim
Enquanto for necessário para a manutenção da vida;
E que a sua variedade e beleza possa ser apreciada
Por quem quer que seja.
Que as Estrelas continuem a iluminar o céu da noite,
E que sua luz que vaga intrépidamente pelo universo,
Nos traga o sinal de que ela existe
Mesmo que ela já tenha cessado de existir.
Que todos os astros do céu continuem refletindo
A sua beleza e magnitude.
Que existam seres em outros planetas,
E que este planeta seja completamente diferente do nosso,
Para podermos saciar a curiosidade que assalta o nosso espírito
Diante de tais questões.
Que as galáxias não se separem e desapareçam
Até que algum ser a perscrute.
Que o próprio universo seja pequeno diante de tais constatações,
E que quantos universos que existam também tornem-se pequenos;
E que não exista demasiada perturbação do espírito
Diante de tal condição:
Pois, que, os seres aprendam que são parte de toda essa sublimação.
E que também possam entender que a interação do universo
É o que compõe a mais bela e fina harmonia da Natureza.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Novos ares...

Ausentei-me por um tempo. Decidi antes de me ausentar excluir este blog por algumas razões pessoais que não convém dizer; no entanto, o retomei.
Pretendia fazer algumas modificações nos textos, algumas atualizações e correções, mas resolvi deixar como está.
Eles representam talvez um estado de espírito no qual não mais me encontro, e talvez nem mesmo eu concorde com eles em alguns aspectos, mas eles de toda forma permanecem como memórias - talvez sobre um olhar ulterior - de um estagio menos maduro, ou talvez menos equilibrado, ou talvez nada disso.

Vou apenas deixar as coisas fluirem.

Eis-me aqui novamente.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Divagações VII

É preciso saber rir, mas, antes de outra coisa, é necessário saber rir de si mesmo. Tudo o que somos é somente um amontoado de coisas risíveis, a própria idéia de "ser algo" é a mais risível das coisas; tal idéia é capciosa e nos faz rebelar contra todo o resto que julgamo-nos "não ser".

Estou rindo, em altas gargalhadas nesse momento de mim mesmo: eis o mais alto grau da intimidação do Ego, este "algo" que nos torna cegos, e em consequência disso, nos emudece.

Além disso, estou preferindo me recluir ao silêncio, pois proferir palavras pode ser perigoso, principalmente quando se profere "verdades" que vão de encontro com a idéia que temos de nós mesmos.

Aprendi a rir de mim mesmo, e por essa razão, agora, me basta o silêncio. Porquanto, não tenho nada a dizer, no mais, por um tempo me manterei no silêncio; pois são poucos os que realmente se pode falar e que saberão ouvir - é necessário saber rir-se de si mesmo, do contrário tudo nos parece ofensivo, e é melhor "o silêncio da hipocrisia, do que a verdade que vos é direcionada e nos atinge diretamente."

terça-feira, 27 de outubro de 2009

REALIDADE E FENÔMENO

Todo fenômeno é o desdobramento de uma realidade. Em sendo assim, o fenômeno é a realidade, porém, enquanto fenômeno ele representa uma manifestação da mesma. Toda a apreensão de uma realidade é uma representação fenomenológica da realidade. Tal realidade pode ser absorvida, fenomenologicamente, por diversas perspectivas. Por exemplo, a olho nu posso observar uma realidade qualquer, como por exemplo, a água correndo por dentre as brechas do asfalto e indo em direção a uma vala qualquer. Tal realidade será uma representação. Ela não se encerrará numa afirmação qualquer, por mais que ela seja verdadeira. Não posso observar a olho nu, por exemplo, que a água é feita de duas partículas de hidrogênio e uma de oxigênio, no entanto, independente disso não poderei afirmar que esta é uma irrealidade, nem tampouco uma realidade de valor inferior. Pois eu poderia ser incauto o suficiente para pensar que a realidade que me é aparente é então por primazia a realidade única a que devo me reportar, uma vez que todo ser é dotado dos mesmos sentidos e meios para apreender a realidade e que tal realidade pode ser então observada por todos independente de outros níveis de percepção que ela possa demonstrar. No entanto, essa afirmação encerraria uma petição de princípio que se sustentaria apenas na autoridade de que aquilo que nos é primeiramente apreendido é a própria expressão da realidade. (Em verdade, tem-se como certo que o ser humano é o único capaz de apreender alguma realidade. - mesmo que eles, entre si, não comunguem com as mesmas noções adquiridas. (curioso, não?))

Poderia também pensar o oposto: uma vez demonstrado que dentro de um determinado fenômeno há diversas realidades, ou diversos fenômenos outros, a minha própria seria então mera ilusão, mero acidente da percepção. Mas estaria também incorrendo em erro, pois o fato de um fenômeno ser somente uma forma em particular de apreender uma realidade não implica necessariamente que as outras formas que me escapam são mais reais que a que é fruto de minhas percepções primárias.

Tal entendimento pode se analisado de maneira pouco criteriosa, gerar uma dualidade. Pois poderíamos colocar diante desse entendimento as seguintes questões: 1) sendo o aparato de percepção somente suficiente para apreender uma realidade fragmentada, independente dos meios que eu utilize para observar um fenômeno (vide o exemplo da água – pois com um microscópio posso aumentar meu poder de percepção e ver que a água é composta de três pequenas partículas) não deixarei de utilizar meus próprios aparelhos sensitivos primários, só que aumentados por meio de outra ferramenta. 2) o que me remete ao fato de que independente de quantos fenômenos eu possa abarcar dentro de uma realidade, nada me garantirá que terei uma representação da realidade em si mesma, mas apenas terei uma representação de uma realidade com um número maior de fenômenos descritos.

Porém, devo entender que, sendo o fenômeno uma representação da realidade, ele por mais que descreva muitas facetas da mesma não terá o poder de abarcar ela toda. O fato de ela ser um fenômeno automaticamente infere na limitação da infinita descrição dos fenômenos, na busca de um princípio mais básico até que se possa encontrar um princípio mais universal que possa expressar a realidade enquanto um fenômeno único e fixo. Tal entendimento, mesmo que distante (penso eu sinceramente que impossível de ser apreendido dada a sua limitação natural, pois para eu poder apreender todo o fenômeno teria que buscar nas causas mais primárias dos elementos da natureza, o que me levaria a buscar cada vez uma causa mais particular até que se chegue à questão da própria existência, da própria manifestação do fenômeno – e sendo os meios de percepção uma parte do próprio fenômeno, qualquer explicação que se dê para tal questão seria tão somente uma explicação tautológica, eis o que penso ser a limitação inerente à percepção) não nos dá autoridade também para definir que este princípio seja a representação fiel da realidade última, mas tão somente outra constatação da própria realidade.

Pois então, o mais ponderado quando se fala em realidade é entender os fenômenos de maneira holística, como complementares à própria realidade. A realidade não é a somatória de todos os fenômenos, porém dentro da realidade, os fenômenos são desdobramentos um do outro; e para entender a realidade é necessário entender a ligação que há dentre um fenômeno e outro.
Devemos considerar que, quando se fala em realidade se fala em fenômeno. Falar em realidade em si mesma é falar de realidade fora do fenômeno. É falar daquilo que está além da própria percepção.(e de qualquer uma)

Não há irrealidade no fenômeno, justamente por ele ser um desdobramento do real. Ele é o que aparece (o aparente), pois a realidade é em si mesma uma aparição.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Divagações VI

A partir do momento em que nos inclinamos a emitir um juízo sobre algo ou alguém, nos tornamos responsáveis por garantir – tanto a quem diz quanto a si mesmo – de que estamos, não obstante, com o deter de um conhecimento que se possa expressar, e não só isso, e que este venha a preencher as lacunas que se formam mediante determinado juízo ou afirmação.
Se eu afirmo que determinado alguém é, por exemplo, mal caráter devo demonstrar ser isso verificável, não somente por força da afirmação; pelo contrário, estaria sendo, no máximo, um caluniador, um que fala “da boca pra fora”. Ou seja, meu desinteresse para com a verdade emitida pelo meu juízo é igualmente mensurável a percepção e critério para formar um juízo sobre algo ou alguém.
Em sendo assim, me pergunto: que jurisdição eu possuo para formar juízo sobre algo qualquer se nem mesmo me debruço para entender os seus pormenores?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Divagações V

Antes só do que acompanhado e mal compreendido.

Quanto mais próximos somos de alguém mais pensamos que o conhecemos. No entanto, quanto mais perto de algo estamos, mais dificilmente conseguimos tomar suas verdadeiras dimensões. Da mesma maneira que alguém colado a um muro enorme não terá noção de sua dimensão olhando-o de perto. Na mesma medida, a proximidade que temos de alguém nos torna míopes, nos faz enxergar apenas o que é conveniente, o que está mais evidente. Por isso algumas vezes é necessário o Distanciamento.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Divagações IIII

Entendo por Aura do indivíduo tudo aquilo em que, devido à sua presença, possa ocorrer algum fenômeno respectivo. Por exemplo, se num dia claro caminharmos e ao mesmo tempo prestando atenção quando se passa por objetos grandes, perceberemos que nosso corpo ao coincidir com a luz do sol gera uma sombra que, dependendo da posição em que estivermos (nunca experimentei fazer isso indutivamente) poderá ser maior ou menor. Bem, eis um exemplo de um fenômeno que envolve diretamente e indiretamente a pessoa e que dependeu dela para que se fizesse possível. Mas, para ficar mais claro, darei outro exemplo que também visa esclarecer a tentativa de encontrar uma posição que abranja os fenômenos possíveis de maneira holística. O cheiro que emana da pessoa, à distância em que sua voz pode ser ouvida; as partículas do som viajando pelo espaço, as partículas de cheiro que flutuam pelo ar; ambos envolvem o que denomino por aura.

São somente alguns exemplos, poderíamos, enfim, levantar centenas de fenômenos para demonstrar em exemplos, esse ponto fica a critério da curiosidade.
Evidente que, tendo em vista que não se pode denominar ao certo todo o fenômeno possível a que uma pessoa está sujeita penso que basta que nos certifiquemos de considerar todo e qualquer fenômeno que se possa provar que seja verdadeiro.

Os fenômenos que envolvem o sujeito podem ser destacados em dois: os passivos e os ativos. Os passivos são os que não dependem de sua apreensão e que se dão de forma natural e espontânea, como por exemplo, o som que emite o caminhar, ou mesmo a sombra que fazemos ao cruzar com uma luz qualquer. Há, no entanto, que se fazer aqui uma ponderação. É certo que o sol não incidiria e, consequentemente, não se formaria a minha sombra se eu não houvesse de forma deliberada ou não, me posto em direção a ele. Mas, devemos considerar este ponto como acrescido na questão para não incorrermos em erro. O fenômeno passivo é aquele que se dá simplesmente pela sua condição de existir, pois ele envolve seu corpo e tudo aquilo que dele possa emanar. Portanto, o seu existir já gera diversos fenômenos, eis aqui a passividade a que me refiro.

Os ativos se referem a tudo aquilo que, através de minha ação deliberada se fazem e que, sem a minha ação teriam sido pouco prováveis ou até mesmo improváveis. Este segundo remete a infinitas possibilidades assim como o primeiro, no entanto, em particular ele se estreita diretamente com o que diz respeito ao ser no mundo e suas ações conscientes diante dele. Ambos se dão de forma complementar, portanto a diferenciação em ativos e passivos se refere tão somente a uma classificação que permite uma melhor maleabilidade para tratar e diferenciar os conceitos, e não uma dualização.

(cont)

domingo, 20 de setembro de 2009

Divagações III

(...)

Mas, não parece satisfatório tal perspectiva, a consciência do ato não impede que o mesmo aconteça. O amadurecimento surge do entendimento e da experiência, nenhum antecede o outro.

Mesmo que eu não crie planos no pleno entendimento de que poderei me frustrar diante deles, isto me fará ser mais cauteloso e prudente na hora do mesmo, mas não garantirá que eu venha a conter-me, nem tampouco negar a mim mesmo em meu mais íntimo entendimento e impulso. Ou então, às avessas, caímos no paradoxo do modo dual de entender: mesmo que eu me esquive de fixar planos em que, assim, não me serão futuros contratempos, terei que fielmente seguir este entendimento à fim de não me contradizer. Quer dizer, meu novo plano seria não fazer plano algum.

Mas, penso que devemos ir mais além. Esqueçamos o fazer planos, mas esqueçamos também o não-fazer planos. De modo que possamos apenas Ser no Devir do mundo, nas contingências e sem precisarmos recorrer à subterfúgios que escapam ao meio termo, pois na medida em que nada falta ou excede, toda escolha é plena e de boa consciência.

domingo, 13 de setembro de 2009

Divagações II

Encontro-me em uma época de minha vida em que estou a fazer muitos planos, planos para pensar como eu quero que as coisas aconteçam em minha vida. Isto me levou a pensar que, muitos de nós – começando por mim mesmo – fazemos planos levando em consideração o nosso círculo social, ou seja, nossos amigos, nossa família, alguma pessoa que estamos tendo algum relacionamento; porém, eis que pensei: não seria um tipo de ilusão moldar nossos planos tendo em conta as outras pessoas que temos apreço? Vou explicar melhor. Penso que nesses planos fazemos contratos que são quase impossíveis de não serem quebrados. Quem nos garante que, mesmo sendo grande o sentimento que sintamos que eu e minha companheira, após algum tempo de convívio descubra que a relação não está mais dando certo, nossos interesses mudem e não nos separemos? Quem garantirá que, o plano de sair de casa e morar só ou com amigos ou companheira não será frustrado no dia de amanhã pelo simples interesse de mudar de opinião? Nada. Nada nos garante, nem mesmo nossos planos. Não podemos garantir que o futuro será da maneira que determinamos. Não quero com isso dizer que não devamos fazer planos, ter amigos ou uma companheira que compartilha com você dos mesmos objetivos. Isso seria insensatez demasiada. O que quero dizer é que, esse entendimento de que as coisas podem simplesmente, ao luxo dos condicionamentos, mudarem de perspectiva, é que temos que estar preparados, para que nossos alicerces não venham abaixo quando isso acontecer.

sábado, 12 de setembro de 2009

Intuição

Relatando uma coisa interessante, que penso que aconteça com muitas outras pessoas, em maior ou menor grau, mas que, no entanto, lhes passa despercebida. Há momentos em que estou refletindo sobre algo e muitas vezes, acabo sem encontrar uma resposta satisfatória a mim mesmo, seja por falta de conhecimentos acerca do assunto, ou porque determinado assunto ainda não esteja muito claro a mim – eis o porquê de eu me por á refletir -, acabo que, ponho-me a pensar em outro algo. Questionei-me certas vezes se seria esta uma atitude sensata, no sentido de que, se eu deixo de lado este algo que ainda não me é claro, estou abrindo mão de adquirir o entendimento sobre ele. No entanto, refletindo mais sobre isto, concluí que muitas vezes está é a melhor atitude a se tomar. Um fenômeno interessante que também penso não ser comum só a mim, é o de em determinado momento obtermos um esclarecimento sobre algo, que vem de maneira tão inesperada que nos dá a sensação de certa iluminação; a coisa em comum que após analisar estes momentos e tentar entender o porquê de eles acontecerem, percebi que muitas dessas “luzes” são, em realidade, àqueles pensamentos que em outro momento resolvi deixar de lado, e que, na verdade, nossa mente apenas estava digerindo-os e é por isso que muitas horas têm esses insights, são os momentos em que nossa percepção passa a discernir aquilo que antes não discernia.

"Penso 99 vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho no silêncio e a verdade me é revelada." Einstein


Penso eu que se trata de um processo de nosso subconsciente, que trabalha, talvez, organizando os pensamentos, e tratando daquilo que nossa consciência não pode (ou pôde) tratar.

Me parece que, de alguma maneira nosso subconsciente trabalha com nossas informações adquiridas de forma consciente e as organiza, muitas vezes gerando conclusões que não conseguimos fazer de forma consciente. Eis a questão, o que pode ser esse mecanismo que engendra conclusões acerca de processos que se desenrolam no consciente, mas que, algumas vezes, se concluem no inconsciente? Eu particularmente não consigo aceitar a idéia de que somente o consciente é que é o responsável por organizar a informação sensível à que nossa mente é submetida. Inclusive vejo que essa noção é a mais comum e aceitada, mas, em muitos exemplos podemos verificar que existem processos pré-conscientes que determinam o entendimento que, normalmente, adquirimos de forma consciente.

Aqui cabe um questionamento interessante, que foi feito em um debate bastante salutar entre um camarada à qual farei a respectiva citação:
"Poderíamos conceder razão ao inconsciente sem torná-lo consciente? Não haveria sempre uma transfiguração na racionalização? Uma seleção, recortes, "geometrias", "equações", visões, cores, enfim "organização"? A aparência de uma casa organizada, (antes bagunçada na visão consciente da dona de casa) não é sentida de outra maneira pelas visitas? "
Glauber

Que em resposta bastante oportuna para ser citada:
Interessante questão, pois, o que realmente quero concluir é que, quando, por exemplo, através de um processo intuitivo chega-se a uma determinada conclusão, evidentemente você poderá através de todos os seus processos conscientes justificar essa conclusão e inferir a sua veracidade ou não.. Mas é aí que está a questão, mesmo sem esses processos conscientes aquele entendimento já estava pronto e delimitado... Percebe o que quero dizer? Obviamente que, no estrito do termo o que é inconsciente não pode ser consciente ao mesmo tempo, e que, quando se torna consciente já passou por diversos processos para tornar-se consciente, e é exatamente desses processos pré-conscientes que falo, que se dão independente de uma organização consciente.

Outro exemplo interessante é no caso da memorização. Perceba por exemplo que, ao ouvirmos muitas vezes uma música, acabamos decorando-a; poderíamos obviamente afirmar que, conscientemente nós decoramos àquela música, já que a ouvimos diversas vezes; no entanto, o mesmo acontece com aquelas músicas que não gostamos, e que, quando menos notamos, estamos cantando. Algumas vezes até nos surpreendemos por sabermos tanto daquela música se nem mesmo gostamos dela. Penso que isso acontece, pois, mesmo de maneira não consciente estamos a recolher informações sensíveis do ambiente, o que talvez nos permita termos intuições sobre coisas que, muitas vezes, não havíamos refletido a respeito.

A questão que fica é: seria a racionalização/raciocínio uma instância unicamente consciente? Ou talvez aconteçam processos fora do limiar da consciência que possam ser denominados como racionais? É para se refletir.

Ética - analisando

Não é enganoso afirmar que, em se considerando razoáveis condições de convivência que possibilitem uma moral imanente ao comportamento cultural, seria tranquilamente comum a todos a aceitação de que não se deve matar, da mesma maneira que havemos de concordar que também não se deve roubar a propriedade alheia. De certo que estas considerações podem ser feitas e respondidas por qualquer um que seja independente do tipo de instrução ou grau de reflexão que o mesmo tenha se prestado ao assunto. Este é uma reação básica do comportamento moral, não é necessário ser Ético para não desejar a morte de outrem, nem tampouco para não prezar pelo seu prejuízo ou sendo a si próprio o causador do mesmo. No entanto, a raiz do comportamento Moral distingue-se da noção do que é Ético. A Ética está relacionada com a análise, a reflexão e a prática; advém do pensamento filosófico, ao passo em que na moral a prevalência é a do pensamento cornuto, ou raciocínio simples, sendo no máximo um pensamento linear dedutivo – aquele que se atém a princípios axiomáticos que devem dar conta de toda e qualquer situação – que é possível através do acúmulo de conhecimento e através da memória.

Um que é Moral não pode ser Ético, na medida em que sua atitude é somente um impulso básico de reação mimética, uma repetição cultural. É fácil observar esta diferença quando se nota que há menos de cinqüenta anos atrás havia um tremendo abismo entre grupos sociais diferentes e que reinava uma forma de moral que impunha e defenestrava a outra, fazendo valer de uma moral que corroborava suas ações; foi assim com os negros, com as mulheres, com os homossexuais; atualmente a luta é em prol do direito dos animais, e, o que há em comum, apesar da mudança de perspectiva, é que, mesmo hoje estes grupos tendo assegurado certa parte dos seus valores e direitos, isso é corroborado por uma moral e não por uma acepção ética. O próprio fato de que tenhamos que assegurar os direitos e defender valores já infere diretamente na ausência da ética e da prevalência da moral. Por exemplo, se eu afirmo que todos merecem direitos iguais por serem iguais, por mais que eu tente encontrar um algo que eu possa universalizar para assegurar de alguma forma essa igualdade de direito, não poderia fazer isso senão afirmando uma moral que a corrobore; visto que, de início afirmo que para garantir a igualdade de direitos tenho que encontrar um fator universal, visto que, além de ser uma busca sem fim, é parcialidade tentar encontrar a igualdade na universalização em detrimento à diferença, a alternância, ou seja, parte-se de um erro que tenta tornar-se generalização para definir uma suposta identidade de igualdade; esta atitude é essencialmente antiética, apesar de ser naturalmente aceitável por qualquer um. Tratar uma questão com equidade não significa que terei de usar para todos o mesmo peso e a mesma medida. A universalização está na medida da Condição, e é a partir dessa que poderemos traçar uma unidade de ação ética. Cada um ao passo de suas necessidades e limitações, eis a medida do justo que é, por conseguinte, a medida do ético. Para ser ético tenho que ser justo, mas não poderei ser justo se eu não for ético.

Uma diferença relevante é: a moral é temporal, se delimita e se funde num espaço de tempo, tão quando se faz condições para que ela se construa e permaneça, até que um dia se dissipe como é de sua natureza. Há evidentemente exemplos de morais que permaneceram e permanecem a existir desde há muito tempo, um exemplo desse prolongamento é a moral cristã, que promulga seu reinado ainda em grande parte do globo, de forma direta ou indireta. Dentre outras tantas morais religiosas.

No que concerne à discussão acerca dos juízos morais, eles normalmente caem no relativismo temporal e cultural – eis sua raiz intrínseca. Ou seja, sendo a Moral relativa á certa época ou lugar, mesmo engendrando-se na noção de que é justo ou injusto bom ou mau, se limita à cartilha que forma seu estatuto social, seus costumes sociais juntamente com suas práticas e noções passadas de geração para geração.

A Ética nesse sentido é um agente atemporal. Ela analisa as condições para que uma ação tenha o estatuto de certo ou errada, justa ou injusta, não se limitando a determinação cultural que a promulga, podendo lançar um olhar mais amplo e irrestrito.


Valores ambientais, Ética e Moral Cultural

Tendo em vista a impossibilidade de protelar o problema do meio-ambiente atualmente o assunto é foco de debates á nível mundial, de uma forma que nunca teria sido possível anteriormente; uma razão é que, explorar o meio ambiente sempre – e principalmente atualmente – foi lucrativo, e está na essência da nossa cultura ocidental a idéia do homem como sendo aquele que tem o poder de dominar a natureza, de dar a ela finalidade e utilizá-la como assim quiser. O que garantiu - e ainda garante – por tanto tempo essa “supremacia” é a idéia de que o ser humano por ser racional – sendo a racionalidade uma instância superior que dá ao ser humano poder e direito de dominar – detém essa supremacia e superioridade, juntamente com a idéia de que o ser humano é um ser divino, e, portanto, um ser de uma extirpe superior diferente da animalidade encontrada no mundo e nas diversas espécies e manifestações. Mesmo esta última sendo apenas defendida por um grupo restrito, a primeira é amplamente defendida: a de que a Razão nos eleva além de nossa natureza animal.

Esses planos de longo prazo se demonstraram não só frágeis como também amplamente inverossímeis e falaciosos. O ser humano não só é um animal, como também depende do mundo tão quanto à sobrevivência das outras espécies como um todo. Com a destruição dos ecossistemas que interagem de maneira holística, toda a vida animal, humana e não humana – vai sofrendo conseqüências e perdas, eis o perigo iminente do aquecimento global. O ser humano está começando a entender de maneira fria e realista que sua irresponsabilidade com suas ações, vão trazer altos prejuízos – além dos que já nos trouxe - e muitos deles irrevogáveis.

É preciso elevar o debate para além da questão Moral, da questão dos valores ou dos benefícios. A questão moral se limita na avaliação das ações tendo em vista o valor que atribuímos à determinada ação. Não preciso considerar ser errada a destruição de uma mata virgem ou uma espécie que vive nela para me ater no pensamento de que não vou fazer aquilo, simplesmente porque, se procuro ser justo devo considerar a questão além das minhas inclinações pessoais sobre aquele assunto. Exemplificando, eu posso ser uma pessoa que admira fazer uma trilha em meio a uma paisagem selvagem, e que eu contemple a natureza em todas às suas dimensões e, dessa forma, jamais me inclinaria a tomar uma atitude que cause algum dano àquele lugar. Ou talvez ao contrário, eu ao ver a floresta e alguma possível espécie que ali viva, posso imaginar as possibilidades de ganho que poderei ter. Posso extrair madeira, colher frutos, caçar algum animal para comer ou para criar em cativeiro, enfim, são infinitas as possibilidades. No entanto, qualquer que seja das duas inclinações, a que eu escolher, eu estarei, invariavelmente, agindo de forma moral, e considerando meus valores e juntamente a importância que dou. A atitude ética é isenta nesse sentido, pois através de uma análise minuciosa posso compreender que a importância de manter a mata em pé e o animal vivo e livre é muito maior do que eu fazer o contrário, a minha inclinação em causar um prejuízo qualquer que seja para me trazer algum benefício não pode de forma alguma se sustentar através de uma perspectiva ética, isenta e amoral – que não envolve interesses hegemônicos e trata as questões de forma holística.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Divagações

Estava me questionando sobre alguns assuntos e me veio à mente uma questão interessante. Em realidade não me lembro ao certo o que desencadeou esse pensamento, mas sei que foi uma coisa que à primeira vista não teria uma conexão direta; eu falava de outro assunto, quando pensei: podemos supostamente pensar que em termos de imaginação nossa mente é ilimitada, no entanto, é bem sabido que não é. Ela apenas transforma, aumenta ou diminui; transcende, imagina, porém, ela trabalha apenas com o que lhe é fornecido pelas impressões sensíveis à que é submetida. Mesmo que imaginemos algo que não tenha uma existência real, como por exemplo, um elefante gigante voador, o que fizemos apenas foi utilizar apenas o que concebemos, a saber, o elefante gigante, e voador. É uma questão de associação. Mas, ela sendo limitada nesse sentido, quer dizer que tudo o que ela pensa é possível, mesmo que tal afirmação pareça absurda.

De uma forma análoga e estendendo o pensamento podemos considerar a seguinte questão: a ciência química, através de sua alquimia pode produzir substâncias que não existem em nosso planeta. Questiono-me se nos recônditos do universo não possam existir tais substâncias, pois, se a mesma pode ser gerada, não é de se estranhar que a própria natureza já não tenha feito por si só. E, mesmo se por uma hipótese igualmente remota se considere que se tenha buscado em todo o universo e não tenha encontrado, ainda resta a hipótese de que, em um outro universo qualquer ela talvez exista, pois ela ainda repousa enquanto possibilidade; e quem sabe num outro universo a mesma exista e tenha uma função vital em sua existência, da mesma maneira em que, por exemplo, nosso universo contém outras substâncias em abundância. E de maneira análoga, qualquer substância que se possa produzir, igualmente repousará a possibilidade de existência, se não no nosso planeta ou universo, talvez em algum outro lugar.

Liberdade.

A Liberdade primeiramente aparece enquanto condição. Para se pressupor liberdade é primeiro necessário verificar se ela é possível enquanto condição. Uma das possíveis contradições de se fazer tal afirmação seria a de que, se a condição é que define a liberdade, logo, a liberdade daqueles que não podem outra coisa que senão viver dentro de suas condições não pode ser livre, ou então será menos livre do que aquele que, dentro de suas condições pode engendrar novas condições para ser livre.

Um bom exemplo disso é a distinção que existe entre ser autoconsciente e seres não conscientes. Se partíssemos do pressuposto afirmado acima considerando esta perspectiva, fatalmente incorreríamos em erro e em petição de princípio. Uma característica – independente que qual seja ela – não é o que define a liberdade de algo, mas é tão somente uma ferramenta à disposição para que sua liberdade possa ser manifestada. Dizer que por um Ser ser consciente de si o torna mais (ou menos, já que também existem os que afirmam que a consciência em si já impossibilita a liberdade, por ela ser fonte inesgotável de “condicionamentos”) livre é fatalmente afirmar esse próprio atributo como sendo auto-afirmatório e autosuficiente para afirmar a si mesmo como sendo algo que eleve todas as outras características em detrimento desta.

Em termos práticos, vamos considerar a seguinte sentença:

[b] Não possuo asas iguais à de um pássaro, portanto não poderei voar. Logo, não sou livre para voar como o pássaro. [/b]

Nesta situação, a pessoa por constatar que não possui asas como os pássaros e que, portanto, não poderá voar pode realmente ser considerado um aspecto de delimite a liberdade desta pessoa? Entendendo a Liberdade como Condição, podemos afirmar que não, pois:

1) Se a liberdade está dentro do que é possível realizar em determinadas condições, considerar o fato de eu não possuir uma asa como sendo uma restrição à minha liberdade é errôneo, pois, se não possuo asas de pássaro devo igualmente considerar que voar [i] com asas de pássaro [/i] não me é uma forma de liberdade, pois sequer existe a possibilidade de isto ser uma condição.

2) Em iguais situações, poderíamos afirmar, por exemplo, “não possuo um avião, portanto não posso voar de avião. Logo, não sou livre para voar de avião.” Esta situação sim seria uma constatação real de uma limitação, pois, o seu contrário é igualmente verdadeiro, e, assim como existe o avião (ao contrário de homens com asas de pássaro) existe também a possibilidade de um dia você voar em um, assim como a possibilidade de que você possua um.


Aqui cabe uma pergunta: como estendemos então essa concepção de liberdade para além dos seres conscientes?
Outra questão poderia ser aqui levantada em favor de encontrar uma contradição na concepção de liberdade enquanto condição é que, se um ser possui consciência ele pode engendrar outras formas de liberdade que um que não possui consciência não poderia fazê-lo. Mas aqui precisamos considerar que, como já foi esclarecida, a Liberdade enquanto condição não é igual a “liberdade de consciência”, pois, apesar de a consciência poder engendrar formas de liberdade (que, no entanto estão estritamente ligadas às “formas de ser livre” que é própria do entendimento dos seres conscientes) essa liberdade ainda assim ela estará limitada a existência de alternativas, ou seja, por mais que você valorize e considere diversas formas de ser livre diferentemente – diferente dos seres não conscientes – você terá inevitavelmente que escolher entre uma e outra, pois, aí se encontra o próprio limite da liberdade consciente.

Então entendo que a Liberdade de consciência não garante que a Liberdade seja maior ou menor que a de outros seres, mas, ao contrário, ela pode muitas vezes nos limitar e nos tornar menos livres do que somos e do que podemos ser.

Bom, é isso aí. Ainda preciso refletir mais sobre a questão.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O que é a Razão?


O que é a Razão?
Gostaria de iniciar este questionamento com outro questionamento:
É possível pensar sobre a Razão?

De pronto, penso que a maioria em que se deparasse com tal pergunta responderia de imediato que sim. No entanto, vamos analisar a decorrência de tal resposta, e o que acarreta sustentar tal afirmação.

Primeiro, vamos colocar como um pressuposto que a afirmativa de que é possível pensar sobre a razão infere que, mediante uma consciência reflexiva é possível inferir sobre o que a razão é e o que ela não é juntamente com o consentimento do que é racional e o que não é. Até então este é um raciocínio bem ponderado. Então podemos concluir que temos o poder de atribuir razão a algo, assim como temos o poder de não atribuir razão alguma ou tirar a razão de algo que a tinha. Aqui é preciso pensar: aquilo à qual eu não atribuo razão é algo que não possui razão em si (sugerindo o fato de eu deixar de atribuir-lhe uma razão) ou apenas não possui razão seguindo meus critérios, assumindo que, talvez segundo outros critérios este algo possa ter alguma forma de razão? Para os que escolheram a primeira opção é preciso alertar-lhes que, mesmo que se atribua por critérios racionais que existem valores em essência, não seria possível alcançá-los através da razão, visto que, se a própria razão existe por si, não seria possível nem a apreensão dela mesma, muito menos dela mesma por ela mesma. Para os que escolheram a segunda opção, seguiremos adiante.

Até aqui temos que: a razão de algo é o quanto este algo tem de razão baseado em critérios que podem diferir uns dos outros, sem, contudo, não deixar de ser verdadeiro que ambos tenham sua parcela de razão. Mas, se é possível pensar sobre a razão (o que sugere que é possível predizer se algo tem razão ou não) e através dela concluo que algo pode ter razão mesmo que eu não lhe dê uma razão, entro inevitavelmente numa contradição. Pois com esta conclusão é possível afirmar sempre o oposto daquilo que se tem como certo, sem com isso lhe tirar a sua parcela de razão inerente; o mesmo que afirmar que: se é possível pensar sobre a razão é igualmente impossível pensar sobre ela. E, sob certos critérios esta afirmativa é tão correta quanto incorreta. Mas, sobremodo, é aqui onde eu queria chegar.

A origem do paradoxo está na conclusão de que a razão é algo que pensa. E isso nos leva a uma inevitável petição de princípio que seria o de usar a razão para dizer o que a razão é. Antes de pensarmos no que concerne à atribuição da razão a algo, devemos questionar: o que é este algo que diz o que é racional e o que não é? Hoje se entende que a razão é algo pensado não algo que pensa. A razão é uma ferramenta da mente, algo que atribuímos às coisas através dos processos cognitivos mentais. Portanto, a resposta adequada à pergunta “é possível pensar sobre a razão” é: sim, é possível pensar sobre a razão, pois antes há algo que pensa, eis porque é possível dar razão a algo, até mesmo a própria razão! 

Do que tratar?

Bem, gostaria de dizer que pretendo aqui tratar de tudo o que me convier. Tendo como tendência predominante a de tratar de questões que dizem respeito à Filosofia. Sendo esta um campo extenso e abrangente para abordar todos os assuntos.