domingo, 13 de fevereiro de 2011

Divagações XI - Aforismo incompleto (poesia, aporia, devaneio)

Sou um Mágico.
Minha existência-fenômeno me permite estar aqui e, ao mesmo tempo, nos cantos mais recônditos do universo.
Em verdade, eu sou o próprio universo.
Minhas emanações são o reflexo do espanto do meu existir.
Estou em cada partícula, na medida em que sou pensamento, matéria, espírito, ou qualquer nome que se dê a mim.
Sou toda a realidade, apesar de não ser ela Toda. Sou manifestação, emanação, fenômeno, aura.
Me divido infinitamente, somente para agradar a percepção daquele que quiser me vislumbrar e conhecer. Todavia permaneço o mesmo, intacto; conquanto eu nem sequer "seja". Dobro-me até tornar-me flexível ao ponto da inflexibilidade.
Sou de todas as formas e cores; estou para todas as formas de perceber - e, todavia, para forma alguma.
Atravesso o pensamento mais rápido que o próprio pensamento.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Divagações X - Da existência e dos fenômenos

Um fenômeno é tudo aquilo que envolve a existência.
Tomo por fenômeno, porém, não só a percepção fenomenológica da existência, mas também a noção de que a própria existência é a decorrência d'um fenômeno que a torna possível. Em verdade pode-se abarcar a própria existência da existência, o que nos levaria a uma noção metafísica da percepção.
De toda forma, é necessário se fazer algumas ressalvas no que diz respeito ao que chamamos de percepção.
Toda ciência tem por base o estudo dos fenômenos, através do escopo d'um percebente. Em outras palavras: é necessário um aparato sensitivo para se poder extrair qualquer julgamento da natureza. Todavia, a própria existência desse aparato sensitivo só se dá pela própria existência de uma realidade que se dá perceptivamente e fenomenologicamente para esse percebente, que existe antes dele e, independente dele; e este sendo uma parte do própro fenômeno da existência, sua percepção - mesmo que apurada infinitamente - sempre o levará a tautologia de sua própria forma de perceber; porquanto seja essa própria condição de existência fenomenológica que permita que haja até mesmo algum tipo de reciprocidade perceptiva.

A mágica da percepção se encontra no entendimento de que, a realidade enquanto fenômeno, é um desdobramento de si mesma, e que tudo que dela advém é por ela engendrada. O próprio imaginar, mesmo por parecer absurdo, é absolutamente real, um desdobramento do real - porém talvez não uma realidade enquanto condição, mas plenamente real enquanto possibilidade.
Nesse sentido toda ciência sensitiva - ou seja, que necessita d'um aparato de percepção - é por natureza tautológica, e em realidade o seu olhar nunca é para "a natureza" (noção dualizada nascida da própria noção de uma Razão enquanto faculdade) mas sim, faz parte dela própria e é nela que encontra suas limitações - que são, em última instância as limitações encontradas nos limites da percepção.