sábado, 12 de setembro de 2009

Intuição

Relatando uma coisa interessante, que penso que aconteça com muitas outras pessoas, em maior ou menor grau, mas que, no entanto, lhes passa despercebida. Há momentos em que estou refletindo sobre algo e muitas vezes, acabo sem encontrar uma resposta satisfatória a mim mesmo, seja por falta de conhecimentos acerca do assunto, ou porque determinado assunto ainda não esteja muito claro a mim – eis o porquê de eu me por á refletir -, acabo que, ponho-me a pensar em outro algo. Questionei-me certas vezes se seria esta uma atitude sensata, no sentido de que, se eu deixo de lado este algo que ainda não me é claro, estou abrindo mão de adquirir o entendimento sobre ele. No entanto, refletindo mais sobre isto, concluí que muitas vezes está é a melhor atitude a se tomar. Um fenômeno interessante que também penso não ser comum só a mim, é o de em determinado momento obtermos um esclarecimento sobre algo, que vem de maneira tão inesperada que nos dá a sensação de certa iluminação; a coisa em comum que após analisar estes momentos e tentar entender o porquê de eles acontecerem, percebi que muitas dessas “luzes” são, em realidade, àqueles pensamentos que em outro momento resolvi deixar de lado, e que, na verdade, nossa mente apenas estava digerindo-os e é por isso que muitas horas têm esses insights, são os momentos em que nossa percepção passa a discernir aquilo que antes não discernia.

"Penso 99 vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho no silêncio e a verdade me é revelada." Einstein


Penso eu que se trata de um processo de nosso subconsciente, que trabalha, talvez, organizando os pensamentos, e tratando daquilo que nossa consciência não pode (ou pôde) tratar.

Me parece que, de alguma maneira nosso subconsciente trabalha com nossas informações adquiridas de forma consciente e as organiza, muitas vezes gerando conclusões que não conseguimos fazer de forma consciente. Eis a questão, o que pode ser esse mecanismo que engendra conclusões acerca de processos que se desenrolam no consciente, mas que, algumas vezes, se concluem no inconsciente? Eu particularmente não consigo aceitar a idéia de que somente o consciente é que é o responsável por organizar a informação sensível à que nossa mente é submetida. Inclusive vejo que essa noção é a mais comum e aceitada, mas, em muitos exemplos podemos verificar que existem processos pré-conscientes que determinam o entendimento que, normalmente, adquirimos de forma consciente.

Aqui cabe um questionamento interessante, que foi feito em um debate bastante salutar entre um camarada à qual farei a respectiva citação:
"Poderíamos conceder razão ao inconsciente sem torná-lo consciente? Não haveria sempre uma transfiguração na racionalização? Uma seleção, recortes, "geometrias", "equações", visões, cores, enfim "organização"? A aparência de uma casa organizada, (antes bagunçada na visão consciente da dona de casa) não é sentida de outra maneira pelas visitas? "
Glauber

Que em resposta bastante oportuna para ser citada:
Interessante questão, pois, o que realmente quero concluir é que, quando, por exemplo, através de um processo intuitivo chega-se a uma determinada conclusão, evidentemente você poderá através de todos os seus processos conscientes justificar essa conclusão e inferir a sua veracidade ou não.. Mas é aí que está a questão, mesmo sem esses processos conscientes aquele entendimento já estava pronto e delimitado... Percebe o que quero dizer? Obviamente que, no estrito do termo o que é inconsciente não pode ser consciente ao mesmo tempo, e que, quando se torna consciente já passou por diversos processos para tornar-se consciente, e é exatamente desses processos pré-conscientes que falo, que se dão independente de uma organização consciente.

Outro exemplo interessante é no caso da memorização. Perceba por exemplo que, ao ouvirmos muitas vezes uma música, acabamos decorando-a; poderíamos obviamente afirmar que, conscientemente nós decoramos àquela música, já que a ouvimos diversas vezes; no entanto, o mesmo acontece com aquelas músicas que não gostamos, e que, quando menos notamos, estamos cantando. Algumas vezes até nos surpreendemos por sabermos tanto daquela música se nem mesmo gostamos dela. Penso que isso acontece, pois, mesmo de maneira não consciente estamos a recolher informações sensíveis do ambiente, o que talvez nos permita termos intuições sobre coisas que, muitas vezes, não havíamos refletido a respeito.

A questão que fica é: seria a racionalização/raciocínio uma instância unicamente consciente? Ou talvez aconteçam processos fora do limiar da consciência que possam ser denominados como racionais? É para se refletir.

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