quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O que é a Razão?


O que é a Razão?
Gostaria de iniciar este questionamento com outro questionamento:
É possível pensar sobre a Razão?

De pronto, penso que a maioria em que se deparasse com tal pergunta responderia de imediato que sim. No entanto, vamos analisar a decorrência de tal resposta, e o que acarreta sustentar tal afirmação.

Primeiro, vamos colocar como um pressuposto que a afirmativa de que é possível pensar sobre a razão infere que, mediante uma consciência reflexiva é possível inferir sobre o que a razão é e o que ela não é juntamente com o consentimento do que é racional e o que não é. Até então este é um raciocínio bem ponderado. Então podemos concluir que temos o poder de atribuir razão a algo, assim como temos o poder de não atribuir razão alguma ou tirar a razão de algo que a tinha. Aqui é preciso pensar: aquilo à qual eu não atribuo razão é algo que não possui razão em si (sugerindo o fato de eu deixar de atribuir-lhe uma razão) ou apenas não possui razão seguindo meus critérios, assumindo que, talvez segundo outros critérios este algo possa ter alguma forma de razão? Para os que escolheram a primeira opção é preciso alertar-lhes que, mesmo que se atribua por critérios racionais que existem valores em essência, não seria possível alcançá-los através da razão, visto que, se a própria razão existe por si, não seria possível nem a apreensão dela mesma, muito menos dela mesma por ela mesma. Para os que escolheram a segunda opção, seguiremos adiante.

Até aqui temos que: a razão de algo é o quanto este algo tem de razão baseado em critérios que podem diferir uns dos outros, sem, contudo, não deixar de ser verdadeiro que ambos tenham sua parcela de razão. Mas, se é possível pensar sobre a razão (o que sugere que é possível predizer se algo tem razão ou não) e através dela concluo que algo pode ter razão mesmo que eu não lhe dê uma razão, entro inevitavelmente numa contradição. Pois com esta conclusão é possível afirmar sempre o oposto daquilo que se tem como certo, sem com isso lhe tirar a sua parcela de razão inerente; o mesmo que afirmar que: se é possível pensar sobre a razão é igualmente impossível pensar sobre ela. E, sob certos critérios esta afirmativa é tão correta quanto incorreta. Mas, sobremodo, é aqui onde eu queria chegar.

A origem do paradoxo está na conclusão de que a razão é algo que pensa. E isso nos leva a uma inevitável petição de princípio que seria o de usar a razão para dizer o que a razão é. Antes de pensarmos no que concerne à atribuição da razão a algo, devemos questionar: o que é este algo que diz o que é racional e o que não é? Hoje se entende que a razão é algo pensado não algo que pensa. A razão é uma ferramenta da mente, algo que atribuímos às coisas através dos processos cognitivos mentais. Portanto, a resposta adequada à pergunta “é possível pensar sobre a razão” é: sim, é possível pensar sobre a razão, pois antes há algo que pensa, eis porque é possível dar razão a algo, até mesmo a própria razão! 

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